Autoria de: Naira da Silva e Silva
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade Integrada Brasil Amazônia, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biomedicina
Orientação de: Prof. Dr. Igor Brasil Costa
RESUMO
A primeira associação específica da etiologia viral ao processo cancerígeno foi em 1964, quando Epstein e colaboradores isolaram e identificaram o vírus Epstein-Barr (EBV) a partir do linfoma de Burkitt. O EBV está presente em cerca de 90% da população, sendo a cavidade oral o principal local de transmissão e persistência do vírus. De acordo com sua classificação e epidemiologia, os cânceres de cabeça e pescoço correspondem a 10% dos tumores malignos e desses, aproximadamente 40% ocorrem na cavidade oral. O carcinoma epidermóide (CE) é um tipo de tumor que se origina no epitélio de revestimento e considerada a neoplasia maligna mais comum da região oral. Dentre as pessoas expostas aos fatores de risco para o CE, apenas uma pequena parte desenvolve a neoplasia e por isso, vem sendo considerada a contribuição de vírus com conhecido potencial oncogênico, como o EBV, que vem sendo associado ao CE oral há cerca de 20 anos. Tendo como objetivo investigar a frequência de detecção e quantificação do EBV em indivíduos com carcinoma epidermóide oral, utilizou-se dois grupos divididos em grupo teste (30 amostras do sulco subgengival e 30 da região tumoral) e grupo controle saudáveis para câncer bucal (26 amostras do sulco subgengival e 26 da região da mucosa oral), todas as amostras foram extraídas e submetidas à metodologia de PCR quantitativo. Utilizou-se o BioEstat 5.3 para a análise estatística, admitindo-se relevância quando p<0,05. No presente estudo, houve positividade em 40,9% das amostras do sulco subgengival e 95,2% das amostras da mucosa do grupo controle. No grupo teste, 78,9% das amostras do sulco subgengival foram positivas, assim como 56,6% da região tumoral. Não houve significância estatística na comparação entre a positividade dos grupos (p=0,629). Contudo, houve relevância estatística na comparação entre as amostras do grupo controle (p=0,0005), com alta positividade viral na mucosa. Na avaliação quantitativa, não houve significância estatística na comparação entre os grupos (p=0,210). Alguns outros fatores foram associados à neoplasia, como tabagismo (p=<0,0001), etilismo (p=0,0072) e escolaridade (p=<0,0001). Os resultados da presente pesquisa evidenciaram que o EBV tem uma maior prevalência na mucosa oral de pacientes controle quando comparado ao sulco subgengival desse grupo. Apesar da ausência de significância estatística na comparação entre os grupos, observou-se que com o aumento da malignidade, aumenta-se também a carga viral. Além disso, nota-se a presença de fatores de risco considerados determinantes e condicionantes para o surgimento do carcinoma, como o tabagismo e o etilismo, sugerindo assim a multifatoriedade da carcinogênese. Dessa forma, recomendam-se estudos mais profundos e com um maior número amostral que busquem esclarecer a relação entre o EBV e o CE oral.